19 de setembro de 2014

Natureza pneumatológica da soteriologia de John Wesley


A teologia de John Wesley foi influenciada pelos reformadores, Martin Lutero e João Calvino.  Ele entendia a salvação como: “única e exclusivamente pela graça” e “mediante a fé em Cristo Jesus”. Neste ponto estava de acordo com a teologia reformada. Só não levava adiante a idéia de “ordo salutis”, um estado de salvação. Tal teologia ensina que o cristão quando unido a Cristo, recebe, instantaneamente, todos os benefícios da salvação. Como depósito salvífico.

            Wesley compreendia a salvação cristã como um “caminho”, isto é, “via salutis”.  Um processo pelo qual o crente passa até chegar à perfeição. Isso indica que estamos sendo salvos. Não é uma condição estanque – estou salvo. Em hipótese alguma é excluída a ação de Deus em busca do ser humano pecador. Certo que Jesus vem até nós, para resgatar-nos. Mas há uma dimensão subjetiva da salvação, explorada na teologia wesleyana. A resposta humana a obra salvífica de Cristo.  

A ação da graça Deus é mediada pelo Espírito Santo, levando o fiel à jornada da salvação. O sinergismo de Wesley leva em consideração a experiência religiosa com a divindade. A obra do Espírito Santo no processo de salvação é imprescindível. Pois a graça é livre e gratuita para todas as pessoas [free in all, free for all]. Sendo que no trilhar do caminho, o cristão é ajudado pelo poder de Deus.  Lembrando que para ele a participação humana é fundamental no processo de salvação.

O Espírito de Deus age em nosso interior. Sua pneumatologia e totalmente soteriológica. Com ênfase na ação espiritual e subjetiva que determina a vida cristã, ao longo, de sua peregrinação. O caminho da salvação só faz sentido se Espírito Santo agir – contínua e constantemente no coração do crente. “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; [Espírito Santo]”.[1]

Existe a dimensão objetiva da salvação. Como, também, existe a dimensão subjetiva da salvação. A obra que Deus faz em nos é fundamental para entender a ação do Espírito Santo e a importância da experiência com Deus na caminhada cristã. Não somos cristãos somente por conta das doutrinas bíblicas. Mas, também, por conta dos profundos tirocínios que a chamada e vocação cristã oferecem ao fiel.

Na teologia wesleyana é possível compreender a salvação como um processo terapêutico, no qual o cristão se encontra a mercê da ação curadora e salvadora de Jesus Cristo. A salvação não é entendida somente como satisfação penal [transgressão da lei e reparação legal]. O pecado é uma enfermidade e precisa ser tratado com boas doses de apoderamento de Deus, ou seja, do Espírito de Cristo em nós.

Portanto, a teologia de Wesley tem seus fundamentos na reforma protestante, mas sem desconsiderar a ação humana no processo de salvação [sinergismo]. O pecado, enquanto, enfermidade é uma doença que precisa ser curada. Por isso o Espírito Santo nos ajuda na jornada. Para de forma gradual ir curando o homem do pecado. “Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo; [Via Salutis]”.[2] 

28 de março de 2014

Missão e Evangelização: pastoral urbana

A leitura de ambos os textos[1] mostram que o povo de Deus precisa agir na realidade cotidiana das pessoas. Mas, há desafios a serem vencidos. E um deles é o da secularização, que segundo Berger (1985, p. 119) é “o processo pelo qual setores da sociedade e da cultura são subtraídos a dominação das instituições e símbolos religiosos”. Ou seja, a separação do Estado e da Igreja. Ambos se divorciaram, fazendo com que os setores outrora dominados pela tutela religiosa, avinhassem a o laicato contemporâneo.
Outro problema sério é o individualismo. Segundo Schutz a experiência urbana reforça a lógica do individuo. Neste contexto, a promoção da individualização ou a segregação de determinados grupos com caracteres sociais distintos, típicos do mundo urbano, é considerável. Coisa que seria muito complexa em uma comunidade rural. Num mundo aonde as pessoas compartilham as mesmas experiências diárias. Até porque, a agricultura e a pecuária são comuns nestes lugares. E o forte apego ao sagrado e a família, conduzem a vida comunitária.
A transição da situação rural para o urbano mudou totalmente a forma do ser humano viver. A ascensão da indústria e do setor dos serviços (comercio) gerou uma independência financeira para o trabalhador. Que antigamente dependia dos produtos do campo (vendendo aquilo que a terra produzia e muita das vezes guardando dinheiro para o ano inteiro). Agora, esse humano, se vê como um assalariado, podendo usufruir dos benefícios que só uma economia liberal[2] pode proporcionar. O individualismo segundo Sayão (2001) acaba provocando uma desagregação da sociedade, cria uma ilusão de independência gerando o egoísmo.
Logo, o papel da Igreja seria a integração das pessoas, isto é, o acolhimento daqueles que fazem parte desse mundo de desagregação. O resgate de indivíduos que só pensam em si mesmo. Viver em comunidade. Conforme afirma Bauman (2003, p. 9), “Comunidade é nos dias de hoje outro nome do paraíso perdido — mas a que esperamos ansiosamente retornar, e assim buscamos febrilmente os caminhos que podem levar-nos até lá”. Comunidade denota coisa boa e um lugar de segurança.
E isso somente acontecerá quando for compreendida a tríade do Evangelho (Schutz, p. 118). Koinonia = comunhão. Diaconia = serviço. Kerigma = proclamação. A primeira fala sobre a vida em sociedade e o auxilio ao próximo. A segunda mostra o serviço (trabalho) a ser realização a favor do outro. A terceira diz respeito à mensagem cristã que nos ensina que Jesus: nasceu, viveu, morreu e ressuscitou para redenção de toda a humanidade. Para perdoar os pecados. Portanto, viver em comunidade passa pela lógica do Evangelho, e perpassa os setores degenerados da vida humana.

Bibliografia.
Bauman, Zygmunt. Comunidade: a busca por segurança no mundo atual. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.
Berger, Peter Ludwing. O dossel sagrado: elementos para uma teoria sociológica da religião. São Paulo: Paulus, 1985.
Sayão, Luiz Alberto Teixeira. Cabeças feitas: filosofia prática para cristãos. São Paulo: Hagnos, 2001.



[1] As fronteiras da missão urbana, Jorge Schutz Dias, e Pastoral urbana: a construção de sinais de esperança em situações de desesperança, de Geoval Jacinto da Silva.
[2] Não que a culpa seja do sistema econômica. A condição é mais antropológica, do que, propriamente de ordem politica. O problema está na falta de regeneração dos indivíduos. 

2 de fevereiro de 2014

Comunidade Terapêutica: a igreja e o aconselhamento pastoral

A igreja caracteriza-se por ser um ambiente acolhedor. Aonde os cansados e sobrecarregados se encontram. E juntos dividem suas alegrias e tristezas. As pessoas vão à comunidade cristã para superar as dificuldades, sofrimentos e angustias da vida. Lá elas são incluídas nos grupos já determinados pela igreja. Mas é no ajuntamento público, ou seja, nos cultos que o processo de “cura” acontecesse. Nesse momento, o congregado extravasa sua espiritualidade.
            Isso precisa ser pensado com mais seriedade. Pois as reuniões de louvor e adoração a Deus viraram momentos de auto-ajuda cristã (é desta forma, que o cristão tem sido curado). Este é o cuidado terapêutico oferecido nas megas igrejas. E que serve muito bem a um modelo de sociedade “imediatista” que vivemos. Mas, também, encontramos outras igrejas preocupadas em saber: qual o problema enfrentado pelo seu fiel. Pois, sabemos que esse é o foco do aconselhamento.
            A comunidade terapêutica procura agrupar pessoas para dividirem suas vivências de vida. Não é só o pastor ou a pastora que é responsável pelo aconselhamento e cuidado. As pessoas compartilham umas com as outras seus projetos, sonhos e ideais. Como também suas angustias, tristezas e sofrimentos. Uma igreja com poucos membros pode acompanhar mais de perto a história de vida de seus fiéis. E assim, fazer o mapeamento das necessidades por ele vividas.
            Os crentes que frequentam nossas igrejas são “sobreviventes da vida”. Tanto aqueles que fazem parte de uma grande instituição religiosa. Como aqueles que vão a pequenas igrejas. Ambos passam por situações estressantes. Enfrentam uma realidade objetiva.  O sujeito torna-se resiliente, porque a experiência trágica de viver o faz ser resiliente.
            Logo, a vida é pensada a luz do evangelho. Uma espiritualidade integral e inclusiva. Abrangendo todos os dilemas da vida e fazendo de seus membros parte integrante do corpo de Cristo. Proporcionando a “vida abundante” proposta por Jesus. A espiritualidade da cruz de Cristo. A igreja é um ambiente curador e curativo. Curador porque depende de Deus e da ação do Espírito Santo. É curativo, visto que depende da atividade de cada um em prol do outro para ajudá-lo.

             E quem quiser vir a após mim, tome a sua cruz e siga-me.        

Teologia da Libertação

O texto de Claudio de Oliveira Ribeiro destaca três aspectos fundamentais, no que diz respeito à “teologia da libertação”. No primeiro aspecto, é possível notar que toda teologia tem seu prazo de validade. Todo labor teológico é filho de seu tempo. Enquanto teólogos, temos como desafio, a difícil tarefa de fazer do exercício cristão um lugar de resposta para os desafios da vida.
Ou seja, na constitutiva do tempo e das demandas do presente, procura-se através da teologia, engajar o que temos de mais rico em prol da vida humana. Dai as orientações teológicas cristãs acabam se renovando e procurando réplicas bíblicas para ajudar no processo de afirmação social.
Por isso, é preciso saber qual o espaço da teologia da libertação hoje. Por que, há aproximadamente cinquenta anos atrás, as condições do Brasil eram outras. Totalmente diferentes. Hoje se fala em erradicação da pobreza e ascensão econômica das camadas mais populares da sociedade (poder de compra). Haja vista aquele famoso slogan: “A Igreja Católica escolheu os pobres. E os pobres escolheram a igreja Universal do Reino de Deus”.
No segundo aspecto, o confinamento da teologia da libertação ao Catolicismo restringiu até mesmo a ação libertadora da própria teologia. A compreensão de um Evangelho de Justiça Social; já indica que toda teologia é teologia da libertação. Mas foi possível notar seu afloramento no movimento Protestante, muito antes de se pensar em teologia para os pobres.
Desde, a revolução industrial, a libertação dos escravos e o forte apelo do capitalismo; o mundo se viu envolto em uma atuação cristã por traz de tudo isso. Logo, o ecumenismo no combate libertador da teologia só não havia sido percebido com meticulosidade. De tudo é possível perceber o rotulo do Catolicismo na teologia da libertação, mas nada que o Evangelho da Justiça Social não contemple.
No terceiro aspecto, o Reino de Deus não encontra seu ápice na dicotomização de seu sentido enquanto lugar de realização da fé em Deus seja no mundo utópico ou histórico. É preciso compreender que adentramos o Reino de Deus, quando entendemos que toda a qualidade de vida começa quando confiamos em Jesus para Salvação. 
Portanto, existe um ambiente só, e este lugar é o lugar da crença em Deus enquanto tal, na justificação pela fé em Jesus Cristo nosso Senhor.        

23 de setembro de 2013

O DÍZIMO NA BÍBLIA

O texto O dízimo na Bíblia, do prof. Tércio Machado Siqueira apresenta ao leitor as características principais do dízimo no Antigo Testamento (AT). Ele faz a leitura de quatro códigos jurídicos, relacionados à instituição da oferta do dízimo entre os hebreus (todos encontrados no Pentateuco).
Em primeiro lugar, o Código da Aliança tem a finalidade de buscar uma ordem comunitária para os israelitas do período tribal. Os anciões e legisladores enfatizavam a responsabilidade social e revolviam os problemas de ordem jurídica da comunidade (Ex 20,22-23-33).
Em segundo lugar, o Código Deuteronômico reformulou as leis de ações comunitárias e sociais, no período do reinado de Josias. Em terceiro e quarto lugar temos os Códigos da Santidade e Sacerdotal que ampliam o material legislativo de Israel e Judá referente ao dízimo e procuram introduzir uma preocupação estritamente religiosa (Dt 12-26).
Desse modo, o prof. Siqueira salienta que de princípio o dízimo possuía um caráter comunitário, era produtos de ofertas a serem consumidos nas festas do povo israelita. Com o passar do tempo foi orientado como tributo ao templo, ao rei e ao sacerdote. Mas, o grande problema foi o dízimo ser transformado em tributo ao rei e aos santuários, ao invés de ser visto como ações de graças para a comunidade.
As ofertas do dízimo na história de Israel e Judá têm seu declínio na Monarquia. Após a centralização do culto em Jerusalém o dízimo começa a ser tratado como “dinheiro”, e deixa de serem produtos do campo e animais (para os que moravam longe). Assim, as leis do dízimo passaram por reformulações para se adaptar ao momento histórico vivido pelos hebreus.

O Código Deuteronômico tinha um caráter familiar. Uma celebração praticada nas três festas anuais. Mas o Documento Sacerdotal mudou tudo isso para uma contribuição obrigatória ao Templo e sua manutenção. Logo, o dízimo deixou de ser uma preocupação social, para ser tornar apenas religiosa.

31 de março de 2013

ESCOLA BÍBLICA DAS CRIANÇAS


Este é um projeto da Igreja Tabernáculo, com as crianças do bairro Castolira, em Pindamonhangaba. Sabe-se que as drogas, violência e criminalidade fazem parte do dia-a-dia de muitas comunidades carentes. Este fato, não é diferente neste respectivo bairro. É muito difícil resgatar um adulto, desta vã maneira de viver. Por isso, o trabalho com as crianças pode ajudar a resgatar uma quantidade considerável de crianças que, capenguem para este tipo de vida. Que o Senhor Deus nos ajude, na força de Cristo Jesus!     

3 de fevereiro de 2013

ESPIRITUALIDADE E TOTALIDADE DA VIDA



A partir da experiência religiosa, a espiritualidade toca em todas as dimensões da da vida humana, mostrando como a fé organiza a vida. Espiritualidade é algo dinâmico, que organiza o conteúdo da fé diante dos contextos históricos em que os seres humanos se encontram e dos problemas que enfrentam na vida. PIRES, Frederico Pieper. O que é espiritualidade? Rio de Janeiro: MK Ed., 2005. p. 29. 




[...] espiritualidade diz respeito à forma como encaramos a vida a partir da experiência religiosa (op. cit., p. 30).


  
  
Espiritualidade se refere a como vivemos e interpretamos o mundo a partir da fé (op. cit., p. 30).