24 de junho de 2012

HERMENÊUTICA: algumas reflexões


          AULA 1 – 22/04/2012
           Prof. Fernando


1.    O que significa "Hermenêutica"?
Gingrich, F. Wilbur. Léxico do Novo Testamento: Grego / Português. São Paulo: Vida Nova, 1993. p. 85.
ερμηνεία, ας, ή tradução, interpretação 1 Co 12.10; 14.26.*
ερμηνευτής, ου, ό tradutor 1 Co 14.28 v.l.*[hermenêutica]
ερμηνεύω explicar, interpretar Lc 24.27 v.l.Traduzir Jo 1.38 v.l., 42; 9.7; Hb 7.2.»
Έρμης, ου, ό Hermes—1. O deus grego At 14.12.—2. Uma pessoa que recebeu saudações Rm 16.14.* [hermético]


2. Origem do Termo
O termo "hermenêutica" provém do verbo grego ερμηνεύειν / hermeneuein e significa "declarar", "anunciar", "interpretar", "esclarecer" e, por último, "traduzir". Significa que alguma coisa é "tornada compreensível" ou "levada à compreensão".
Alguns defendem que o termo deriva do nome do deus da mitologia grega Hermes, o mensageiro dos deuses, a quem os gregos atribuíam à origem da linguagem e da escrita. É considerado o patrono da comunicação e do entendimento humano. O certo é que este termo originalmente exprimia a compreensão e a exposição de uma sentença "dos deuses", a qual precisa de uma interpretação para ser apreendida corretamente.
Encontra-se desde os séculos XVII e XVIII o uso do termo no sentido de uma interpretação correta e objetiva da BíbliaSpinoza é um dos precursores da hermenêutica bíblica.
Outros dizem que o termo “hermenêutico” deriva do grego "hermēneutikē" que significa "ciência", "técnica" que tem por objeto a interpretação de textos poéticos ou religiosos, especialmente da Ilíada e da "Odisséia"; "interpretação" do sentido das palavras dos textos; "teoria", ciência voltada à interpretação dos signos e de seu valor simbólico.
Hermes é tido como patrono da hermenêutica por ser considerado patrono da comunicação e do entendimento humano – (Cf. pt.wikipedia.org/wiki/Hermenêutica).

3. A necessidade da interpretação Bíblica
            Interpretar a Bíblia é um dos maiores desafios do nosso tempo, pois os cristãos estão sujeitos a todo tipo de declaração em nome do Deus de Jesus de Nazaré. Constitui-se aí um grande desafio para todo fiel. Além do mais, as Escrituras vêm sendo usada para “satisfação de todos os desejos humanos através do acúmulo de riquezas” (RUBENS, 2011, p. 43). Movimentando, assim, todo um mercado religioso (Cf. Mc 10. 23; 1 Tm 6. 1-10; Tg 5. 1-6). Um outro, motivo muito bem intencionado – é que o povo lê a Bíblia para vencer os desafios da vida cotidiana. Mas, em certo sentido, existe uma necessidade singular de se interpretar o texto Bíblico. Como se sabe, as Escrituras se configuram como Palavra de Deus para todos os cristãos (Cf. Jo 20. 31; 2 Tm 3.16; 2 Pd 1.19-21).

A Bíblia ocorre como resultado das ações divina e humana. Deus acontece na historicidade humana e é em meio a esse processo que ele se manifesta, mesmo com todas as contingências humanas, a partir do modo humano de compreender a Deus. Logo, concebe o texto bíblico como produto da simultaneidade entre o divino e o humano. É uma abordagem conjuntiva e não disjuntiva (MENDES; SANTOS, 2007, p. 540).  

Todavia, é possível tratar a Bíblia como Palavra de Deus e, ao mesmo tempo, considerar todas as suas afirmações como culturalmente determinadas – com todas as implicações teórico-metodológicas (teológicas, eclesiásticas, éticas) advindas dessa afirmação.[1] De semelhante modo, a pergunta de Felipe ao etíope ecoa até nossos dias... Compreendes o que vens lendo?[2] Como o escritor de segundo Pedro já nos alertava acerca dos escritos paulinos. [...] nas suas epístolas, nas quais a certas coisas difíceis de entender  [...].[3] Qual seria a mediação hermenêutica necessária para interpretar as Escrituras? Segundo afirma Airton José da Silva[4] cinco perguntas são fundamentais:

1.     Como conseguir uma reconstrução do texto a mais próxima possível do original?
2.     Qual é a proveniência do texto, quem é o seu autor, quais são as suas características literárias, seu contexto histórico-cultural?
3.     Qual é o gênero literário do texto analisado, as formas fixas do discurso utilizado, mesmo na sua fase de transmissão oral, qual o seu contexto social e a intenção de sua linguagem específica?
4.     Como o autor trabalhou teologicamente o material recebido da tradição, dando-lhe a forma atual?
5.     Como foi o desenvolvimento progressivo da tradição desde as camadas pré-literárias até a sua elaboração por escrito?

Para responder a tantas questões, a exegese criou e desenvolveu nos últimos séculos um vasto instrumental histórico-crítico[5] conhecido como: crítica textual, crítica literária, crítica e história das formas, história da redação e história da tradição.[6] Entretanto, em meio a tantas perguntas e questionamentos, o que tudo indica é que a “[...] preocupação principal do povo não é interpretar a Bíblia, mas é interpretar a vida com a ajuda da Bíblia” (MESTERS, 1999, p. 37). No demais, seria muito válido utilizar uma metodologia adequada para ler a Bíblia, e ao mesmo tempo aplicá-la a vida dos cristãos.

BIBLIOGRAFIA

BOST, Bryan Jay; PESTANA, Álvaro César. Do texto a paráfrase: como estudar a Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1992.
Gingrich, F. Wilbur. Léxico do Novo Testamento: Grego / Português. São Paulo: Vida Nova, 1993.
Mendes, Jones Talai; Santos, Eduardo da Silva. Considerações sobre inspiração Bíblica. Teocomunicação, Porto Alegre, v. 37, n. 158, p. 537-551, dez. 2007.
MESTERS, Carlos. Flor sem defesa: uma explicação da Bíblia a partir do povo. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 1999.
Novo Testamento. Almeida Revista e Atualizada no Brasil. 2. ed. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2011.  
RUBENS, David. Jesus: Modelo de Práxis Social-Cristã. Pindamonhangaba: DRS, 2011.


[2] Ver. At 8. 30.
[3] Ver. 2 Pd 3.16.
[4] Ler a Bíblia Hoje. Disponível em: <http://www.airtonjo.com/ler_biblia02.htm>. Acesso em: 16 de abril de 2012.  
[5] A palavra crítico tem geralmente uma conotação negativa. Não queremos usá-la desta forma. O método é crítico em avaliar os resultados obtidos e em pesá-los. Nunca deve torna-se crítico contra a Bíblia (BOST; PESTANA, 1992, p. 9).
[6] Idem, Ler a Bíblia Hoje.

10 de junho de 2012

A morte como instante de vida - Scarlett Marton


''Por que a morte é sempre vista como uma espécie de escândalo? Por que esse acontecimento banal provoca ao mesmo tempo horror e curiosidade? Os antigos diziam que a filosofia era uma longa meditação sobre a morte; os modernos quiseram afastá-la de suas preocupações; nós, contemporâneos, procuramos bani-la de nosso mundo. Mas a morte se acha profundamente ligada à vida, colocando em causa o sentido da existência, propondo ao homem o desafio de pensar a sua própria condição''.