28 de março de 2014

Missão e Evangelização: pastoral urbana

A leitura de ambos os textos[1] mostram que o povo de Deus precisa agir na realidade cotidiana das pessoas. Mas, há desafios a serem vencidos. E um deles é o da secularização, que segundo Berger (1985, p. 119) é “o processo pelo qual setores da sociedade e da cultura são subtraídos a dominação das instituições e símbolos religiosos”. Ou seja, a separação do Estado e da Igreja. Ambos se divorciaram, fazendo com que os setores outrora dominados pela tutela religiosa, avinhassem a o laicato contemporâneo.
Outro problema sério é o individualismo. Segundo Schutz a experiência urbana reforça a lógica do individuo. Neste contexto, a promoção da individualização ou a segregação de determinados grupos com caracteres sociais distintos, típicos do mundo urbano, é considerável. Coisa que seria muito complexa em uma comunidade rural. Num mundo aonde as pessoas compartilham as mesmas experiências diárias. Até porque, a agricultura e a pecuária são comuns nestes lugares. E o forte apego ao sagrado e a família, conduzem a vida comunitária.
A transição da situação rural para o urbano mudou totalmente a forma do ser humano viver. A ascensão da indústria e do setor dos serviços (comercio) gerou uma independência financeira para o trabalhador. Que antigamente dependia dos produtos do campo (vendendo aquilo que a terra produzia e muita das vezes guardando dinheiro para o ano inteiro). Agora, esse humano, se vê como um assalariado, podendo usufruir dos benefícios que só uma economia liberal[2] pode proporcionar. O individualismo segundo Sayão (2001) acaba provocando uma desagregação da sociedade, cria uma ilusão de independência gerando o egoísmo.
Logo, o papel da Igreja seria a integração das pessoas, isto é, o acolhimento daqueles que fazem parte desse mundo de desagregação. O resgate de indivíduos que só pensam em si mesmo. Viver em comunidade. Conforme afirma Bauman (2003, p. 9), “Comunidade é nos dias de hoje outro nome do paraíso perdido — mas a que esperamos ansiosamente retornar, e assim buscamos febrilmente os caminhos que podem levar-nos até lá”. Comunidade denota coisa boa e um lugar de segurança.
E isso somente acontecerá quando for compreendida a tríade do Evangelho (Schutz, p. 118). Koinonia = comunhão. Diaconia = serviço. Kerigma = proclamação. A primeira fala sobre a vida em sociedade e o auxilio ao próximo. A segunda mostra o serviço (trabalho) a ser realização a favor do outro. A terceira diz respeito à mensagem cristã que nos ensina que Jesus: nasceu, viveu, morreu e ressuscitou para redenção de toda a humanidade. Para perdoar os pecados. Portanto, viver em comunidade passa pela lógica do Evangelho, e perpassa os setores degenerados da vida humana.

Bibliografia.
Bauman, Zygmunt. Comunidade: a busca por segurança no mundo atual. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.
Berger, Peter Ludwing. O dossel sagrado: elementos para uma teoria sociológica da religião. São Paulo: Paulus, 1985.
Sayão, Luiz Alberto Teixeira. Cabeças feitas: filosofia prática para cristãos. São Paulo: Hagnos, 2001.



[1] As fronteiras da missão urbana, Jorge Schutz Dias, e Pastoral urbana: a construção de sinais de esperança em situações de desesperança, de Geoval Jacinto da Silva.
[2] Não que a culpa seja do sistema econômica. A condição é mais antropológica, do que, propriamente de ordem politica. O problema está na falta de regeneração dos indivíduos. 

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