24 de novembro de 2011

Pentecostalismo e Escatologia Dispensacionalista

OS SIONISTAS CRISTÃOS:
Na rota para o Armagedóm

Stephen R. Sizer


Qual seria a relação do Pré-Milenismo Dispensacionalista com a Política Norte-Americana? A dissertação de "Daniel Rocha" é muito sugestiva. Aconselho a leitura, basta clicar no link... PUC MINAS

15 de novembro de 2011

Karl Barth, a Teologia da Palavra de Deus e Um Mundo Sem Fundamentação Metafísica da Verdade

Karl Barth (1886-1968). Sua maior contribuição à teologia evangélica foi reafirmar, novamente, os dogmas fundamentais da Fé Cristã.  Sendo que sua teologia alcançou ápice nas primeiras cinco décadas do século XX. Barth escreveu a famosa Dogmática da Igreja e, também, a Carta aos Romanos, Esboço de uma Dogmática, Introdução a Teologia Evangélica entre outros livros. Foi pastor em Safenwil, interior da Suíça. E professor de Teologia Reformada em Göttingen, Tübingen e Bonn. Sempre se dedicou a interpretação sistemática das Sagradas Escrituras.
            A Carta aos Romanos é o manifesto de Barth, na obra, ele irá contra os ensinamentos recebidos pelos teólogos liberais (Schlatter, Harnack, Cohen e Natorp [particularmente os neokantianos] – com exceção de Wilhelm Hermann), com os quais houvera aprendido na Universidade. Na obra ele chega a afirmar que a história da humanidade “é a luta pela existência, hipocritamente dissimulada nos ideais de justiça e liberdade (BARTH, 2009, p. 113)”.  Assim, ele estava querendo mostrar que a teologia liberal, era uma espécie de moralismo apático; que na verdade, parecia mais, uma auto-justificação do ser humano. Em detrimento da justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo.
Sendo que os liberais ainda alimentavam, uma certa, crença nos ideais de justiça e liberdade do Iluminismo, isto é, o progresso científico da raça humana. De modo que os alemães estavam fazendo a vontade de Deus ao se rebelar contra as nações Capitalistas. Conforme afirma Olson (2001), seus professores (em especial Harnack) apoiaram a política de guerra do governo alemão. Tanto é que Barth se decepcionou, pois a teologia liberal que tinha aprendido, não servia para suas pregações na comunidade onde era pastor.
Barth é classificado na escola teológica da Neo-Ortodoxia. Os liberais rejeitaram os dogmas e interpretavam a Bíblia de forma puramente racional. Barth foi lá e resgatou os princípios de fé definidos pela igreja. Fazendo uma re-leitura dos pontos centrais do Cristianismo. Segundo Olson (2001), Barth foi uma praga para existência dos liberais. Sua teologia estava centralizada na Palavra de Deus, que é o um evento que está além do mundo e da razão humana.
A Bíblia não é a Palavra de Deus, ela se torna a Palavra de Deus, à medida que ganha significado na existência humana. Sendo que, tanto a Palavra escrita quanto a falada, ambas se tornam a Palavra de Deus. Segundo Barth (2007), não se diz nada de diferente, apenas confirma-se que a Palavra de Deus tem seu cumprimento na história de Jesus Cristo, que consuma a história de Israel – acontecendo, assim o Evangelho de Deus. Aqui ele tem influências do Existencialismo, mas logo depois deixa esta filosofia de lado. E se recusa a aderir qualquer tipo de filosofia em sua teologia. Na segunda edição da Carta aos Romanos, ele elimina por completo toda influência existencialista. 
Já a Palavra revelada não se torna a Palavra de Deus, ela é a própria Palavra. Barth deu todo um sentido Eclesiológico Cristológico para a “Teologia da Palavra de Deus”. Porque a igreja é o veículo da proclamação e revelação de Deus. “A Bíblia [veio a ser] não é meramente uma coletânea de documentos antigos a serem examinados criticamente, mas, sim, uma testemunha de Deus” (BROWN, 1989 apud FERREIRA, s/d, p. 3). Esta revelação tem sua expressão máxima em Jesus Cristo, que é o logos de Deus. “Cristo é a verdadeira 'Palavra de Deus' que jamais passará e que permanecerá para além dos céus e da terra (BARTH, 2009, p. 140)”.
            Se a Bíblia é a revelação através de Jesus Cristo como um evento encarnacinal, ela é o testemunho da revelação que por si mesmo pertence à revelação. A Palavra de Deus é supra-cultural e a-histórica. Logicamente não está reduzida a uma mediação cultural. “Barth denunciou todas as tentativas da razão de emudecer a Palavra de Deus e procurou mostrar que é na Igreja que se dá a escuta da Palavra que é pronunciada pelo próprio Deus” (SANTANA, 2011, p. 68). Assim, não há nenhuma influência filosófica, na concepção de revelação barthiana.  
E em todas as suas obras procura evidenciar que o Cristianismo não tem nada haver com platonismo, estoicismo e neoplatonismo. No Esboço da Dogmática afirma que ao pronunciar o nome de Cristo “[...] não é o simples suporte verbal de uma realidade superior (o platonismo não intervém aqui!). Trata-se de [...] uma pessoa mesmo (BARTH, 2006, p. 92)”. Aí Barth está querendo se defender das idéias neokantianas (Cohen e Natorp). Conforme afirma Emmanuel Kant “não existe a possibilidade de acessar em nível de conhecimento [epistemologia] o mundo metafísico” (cf. Critica da Razão Pura). Por isso, para ele a Palavra está excluída do âmbito da racionalidade. Em contra partida, ele está querendo resolver um problema seriíssimo. Um mundo sem fundamentação metafísica da verdade. Coisa que os liberais haviam aceitado numa boa. Ainda mais depois que Friedrich Wilhelm Nietzsche, afirmará que o “Cristianismo é platonismo para o povo” (cf. O Anticristo).
Barth está maquiando toda uma escola filosófico-teológica construída nos 1900 anos de História da Igreja. Para nos convencer que a teologia dele é livre de qualquer tipo de influência filosófica. Bem, os pais apostólicos cindirão a teologia judaica com o platonismo. Venho Agostinho e reafirmou todo o status da Teologia Cristã a luz do neoplatonismo. Os reformadores (Martinho Lutero e John Calvino) bebem da fonte agostiniana, até se saciarem. Barth é oriundo de educação reformada. E vem dizer que o Cristianismo, não tem nada a ver com platonismo. Só, desta maneira, para justificar que a Palavra de Deus, mais precisamente “dogma” é uma revelação que advêm do além. Porque para os liberais a Bíblia era uma produção cultural, aberta a investigação histórico-crítica. Coisa que Barth rejeitava veementemente.
Nesta situação, vale à pena salientar, que o que se conhece como Bíblia, é um livro culturalmente condicionado, mas para Barth não era assim. Para ele o princípio orientador da Bíblia não foi à hermenêutica-exegético-crítica; mas, sim o credo, a confissão, a doutrina, o dogma etc. Isso significa que a Bíblia, não é um documento antigo que precisa ser interpretado, mas um punhado de doutrinas e dogmas, na qual Deus é revelado. O que prevalece é caráter sistemático da Fé Cristã, que foi enrijecido pela metafísica. Barth ignorou todos os avanços da crítica-histórica. E formulou sua teologia como se o século XIX, nunca tivesse acontecido. Jogou fora todo o legado do século XIX. E escolheu se encontrar novamente no mundo do século XVI, de volta a velha ortodoxia luterana e calvinista.
 Barth afirmava que “não são os pensamentos humanos corretos sobre Deus, mas os pensamentos divinos corretos sobre os homens que formam o conteúdo da Bíblia (BARTH, 1928 apud OLSON, 2001, p. 593)”. Esta afirmativa o fez retornar a um fideísmo irracional. Semelhante ao discurso conservador que desaprova a racionalidade humana. Porque uma cosmovisão humanista irá dizer que “tudo que o homem pensa, está em um processo contínuo de verdades provisórias”. Inclusive a Bíblia quando lida cientificamente, o que se tem são hipóteses de interpretação. Barth não acredita em tal pensamento, pois ele afirma que a verdade “é a nossa origem [...] porquanto “Cristo em nós”, como julgamento e justificação, é a VERDADE, é o Espírito que habita em nós [...] (BARTH, 2009, p. 452)”.
Barth tem toda razão, mas só que essa verdade é metafísica. Não esta aberta a um objeto fenomênico, enquanto sujeito do juízo. Nestas condições, o sujeito do conhecimento só pode conhecer aquilo que se configura no ‘tempo e no espaço’ – fenômeno. Em detrimento, do conhecimento que não é apresentado à sensibilidade, de modo que o pensamento puro não produz conhecimentoπιστήμη, isto é, verdadeiro conhecimento – númeno. Neste caso, o que tem que ser revisto não é a Bíblia, é o Deus metafísico de Barth. Portanto, ele preferiu continuar tratando, o que considerava Palavra de Deus, como instrumentalização de palavras estético-normativas, cuja finalidade é sempre de manter um discurso unívoco que procura abarcar as idéias sobre-humanas e aplicá-las ao mundo do fenômeno.
   Nietzsche havia declarado a “morte de Deus” (cf. Zaratustra). Não a do Deus da fé, mas a do Deus metafísico. O Deus que nasceu do coito entre o judaísmo e a filosofia platônica. Barth, então, vai querer salvar o que ele considera importante para o Cristianismo (nascimento virginal, ressurreição, Deus encarnado etc.). No caso, as formulações dogmáticas rejeitadas pelos liberais, na qual Deus se apresenta a humanidade. Através da Palavra de Deus (num sentido sistemático), mais precisamente a revelação. Platão (cf. A Republica), aqui é elevado ao mais alto e sublime lugar, pois existe uma força além do mundo físico, que deve reger todas as coisas. Inclusive o pensamento dos homens sobre o mundo.
     Na Reforma Protestante Lutero (cf. 95 Teses e Nascido Escravo) se rebelou contra um sistema eclesiástico totalmente platônico, no qual o vigário de Cristo era o veículo de revelação da igreja. Aí Lutero usou Aristóteles (cf. Metafísica I e II), para legitimar seu discurso afirmando que “todo ser humano é livre para escolher sua felicidade”. Num sistema democrático platônico, não era assim. Na polis existiam duas classes de pessoas os bem nascidos e os que se ocupavam com os negócios. Os bem nascidos eram os que mandavam na sociedade e deviam ser respeitados, porque, possuíam a orientação dos deuses. Já o restante da população não iria acender nunca, pois não faziam parte da estirpe, eram simples comerciantes.
Lutero foi lá e usou Aristóteles para romper com a igreja. Afirmando o sacerdócio universal de todos os crentes. De modo que o instrumento autenticador de seu discurso era as Escrituras. Porque ele não tinha o papado, por trás, de suas escolhas. Assim, somente a Bíblia para ajudá-lo e, ao mesmo tempo, tomar o lugar do Papa. Entretanto, logo, que conseguiu se separar da igreja Católica voltou novamente para Platão. E a ideia de livre interpretação das Escrituras se desvaneceu como poeira. E o que continuou controlando a igreja da Reforma foram os dogmas. Sendo que, se algum grupo marginalizado, desconsiderasse pontos fundamentais da Fé Cristã, era perseguido.
Barth fez mais ou menos isso, dizendo que a igreja é a tutora da revelação divina, que transcende a expectativas deste mundo. Os católicos têm colégio apostólico para dizer o que deve ser crido. E se for dito algo diferente, o teólogo corre o risco de ser excomungado. Já em Barth é Espírito da verdade que controla tudo e, nós, somente se aceitamos o jogo. E se alguma coisa no pensamento dos homens, não está em consonância com o credo, a confissão, a doutrina, o dogma etc., não são ambas as formulações que estão erradas. Mas, sim, os pensamentos humanos que estão incorretos. O núcleo do Cristianismo barthiano é proposional e revelado, portanto, não é necessário interpretação, somente racionalização das formulações dogmáticas.
Karl Barth fez aquilo que acreditava ser a melhor forma para salvaguardar os princípios de fé definidos pela igreja. Mesmo que para isso tivesse que negar a história humana (enquanto fenômeno humano), como palco da relação entre Deus e o homem. Afinal de contas, não pode existir juízo de valores, nem no que se refere à metafísica ou a interpretação racional. Tanto a verdade metafísica quanto a verdade da razão, são duas concepções distintas. O mundo metafísico faz parte da noosfera (mundo do pensamento), característico da dimensão lúdica do ser humano (imaginação). Já a razão, faz parte de algo, que é próprio da natureza dos seres vivos, que se constituem, de modo aberto ou fechado, a todas as condições do mundo. Faz parte do Reino Animal (Zóon logikón, animal racional) e dos demais Reinos. Portanto, não existem certo ou errado, somente dimensões distintas (não separadas) de um mesmo ecossistema-sistemicamente-organizado.

Fernando de Oliveira
15 nov. 2011às 13h09 mim.
Pindamonhangaba-SP
fernan_resgate@hotmail.com


BIBLIOGRAFIA.

BARTH, Karl. Carta aos Romanos. 5. ed. São Paulo: Fonte Editorial, 2009. 854 p.
______. Esboço de uma Dogmática. São Paulo: Fonte Editorial, 2006. 224 p.
______. Introdução a Teologia Evangélica. 5. ed. ver. São Leopoldo: Sinodal, 1996. 128 p.
FERREIRA, Franklin. Karl Barth: Uma Introdução à Sua Carreira e aos Principais Temas de Sua Teologia. Disponível em: <http://www.monergismo.com/textos/biografias/barth_franklin.pdf>. Acesso em: 11 de Ago. 2011.
OLSON, Roger. História da Teologia Cristã: 2000 anos de tradição e reformas. São Paulo: Editora Vida, 2001. 668 p.
SANTANA FILHO, Manuel Bernardino de. Por uma antropologia teológica ecumênica: uma leitura a partir da eclesiologia cristológica de Karl Barth. In: ROCHA, Alessandro Rodrigues. [organizador]. Ecumenismo para o século XXI: subsídios teológicos para a vocação ecumênica de todo cristão. São Paulo: Fonte Editorial, 2011. pp. 67-86.


5 de novembro de 2011

Um mundo onde conhecer é criar e afetar-se melhor (André Martins)

Um mundo em crise: reinventar os alicerces da modernidade.
Esta é uma série do Café Filosófico que tem sido exibida na TV Cultura nos últimos domingos. E que, por sinal, tem abordado temas desestabilizadores, como: liberdade da vontade, os fins, ordem moral do mundo, o não egoísmo e o mal. Portanto, tais assuntos, nos levam a repensar nossas atitudes diante da vida, pois num mundo sem uma fundamentação metafísica da verdade; o que seria fazer do conhecimento o mais potente dos afetos? Eis a crise da modernidade!  
Clique aqui cpflcultura e assista toda série.