Na aula de hoje o assunto era Isaías. Quando chegou à parte da composição do livro, o professor disse que iria falar um pouco sobre a visão crítica, referente ao livro, ou seja, a visão dos teólogos adeptos da crítica – histórica. E o assunto principal foi às três divisões do livro (1-39; 40-55; 56-66). Como estudo num seminário conservador a discussão foi no mínimo interessante.
Um aluno perguntou:
Professor se o livro está dividido desta forma o Sr. acha que muda alguma coisa em relação à Palavra de Deus?
O professor disse:
Olha! O problema é que os liberais já partem de um pressuposto errado que a Bíblia não é a Palavra de Deus. E assim continuou... Olha! Deus não podia ter inspirado ao profeta escrever o livro todo.
E eu quietinho! Esperando minha ora de falar, pois já havia levantado a mão.
Mas, outros alunos pediram oportunidade e o professor pulou a minha vez.
Um outro aluno disse:
Que algumas profecias do evangelho de Mateus estavam desconectadas de sentido, e citou alguns textos bíblicos do respectivo Evangelho (por exemplo, Mt 2,23). Eu pergunto: Onde está a profecia de Mateus?
E o professor:
Recorreu aquele antigo argumento do nazireu. Bom se Jesus fosse nazireu não podia tomar vinho!
Uma aluna disse:
Que os manuscritos de Qumran corroboram para que o livro seja uma composição de um único profeta, isto é, o proto-Isaías. Então vale tudo até o Pentateuco samaritano!
É a aula acabou e eu fiquei para titia!
Eu somente iria dizer:
Se existem textos na Bíblia desconectados de sentido, não é culpa dos teólogos liberais. Pois se os textos estão lá, não foram os liberais que colocaram. A única coisa que eles fazem é estudar o texto de modo rigoroso (cientificamente).
Milton Schwantes diria:
“Em minha experiência é importante ler o texto bíblico na comunidade, com o povo. É o texto o que anima a vida e as lutas do povo. Por isso, temos que colocar toda força nisso: na leitura do texto bíblico. E aí na medida da necessidade, de acordo com o interesse, vão se incorporando a leitura informações históricas que poderão ajudar a que não se calque no fundamentalismo. Mas também, tem que se evitar outro tipo de “fundamentalismo”, o de simplesmente crer nas informações da ciência, porque esta é provisória, seus resultados nunca são definitivos, estando sempre abertos para nos conhecimentos. Por isso, não se trata de substituir o texto por dados da investigação histórica, mas sim, de ir iluminando a leitura comunitária e popular do texto bíblico, dessa memória profética e transformadora, com descobertas da ciência histórica, na medida do interesse e das possibilidades da comunidade”. Breve História de Israel, p. 17.
Pelo menos três motivos fazem a leitura cientifica uma leitura relevante:
Em primeiro lugar, não há desonestidade intelectual relacionada ao texto Bíblico, isto é, o leitor mais rigoroso passa pelo texto e não tenta maquiá-lo com a Teologia Sistemática, a fim de que o mesmo fique do jeito que a política clerical gosta! Sempre dogmático. Se não for assim você vai para o inferno!
Em segundo lugar, a ciência é dinâmica sempre aberta a mudanças. Coisa que a leitura unívoca ou estética normativa do texto bíblico não é, ou seja, sempre totalizante – nunca dinâmica sempre disposta a ser uma grande narrativa. Como se ela, fosse o único caminho discursivo sobre a verdade do real. Nunca aberta à polissemia discursiva.
Em terceiro lugar, alguns teólogos liberais, nunca afirmaram que a Bíblia não é a Palavra de Deus. Eles apenas respeitam os avanços da ciência. E dão um significado existencial para o texto lido na comunidade. Para não incorrerem no risco de negar o tempo e caírem em um fundamentalismo extremo.
Eu somente queria falar isso. Quem sabe na próxima!
Conheça alguns teólogos liberais acesse agora.
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