No Concílio de Calcedônia, em 451, ficou decidido pelos bispos católicos que Jesus Cristo possui “duas naturezas e uma pessoa”. Desta forma, a Igreja Cristã tem sustentado esta posição até os dias de hoje. Portanto, como se relacionam essas duas perspectivas: Quem é Jesus? E o que Jesus fez? Ou seja, o Jesus ontológico e o Cristo funcional.
Quando remontamos à História do Cristianismo, no início do século II, vamos descobrir que, as principais discussões teológicas, giravam em torno da pessoa de Cristo, pois os primeiros sistematizadores do dogma de Cristo, compreenderam que era necessário salvaguardar a divindade de Jesus Cristo.
E se isso não acontecesse, eles acreditavam que haveria um desfalque muito grande para a Doutrina da Salvação. Enfim, os pais da igreja, tinham a certeza que somente Deus poderia cumprir algumas exigências recíprocas a salvação. Isto é, cumprimento da lei, sacrifício perfeito e um justo justificador de todos os homens. Entre outros, requisitos que somente Deus, poderia efetuar.
Assim, foi elaborado durante muito tempo, depois de longas, e longas discussões, o que conhecemos hoje, como a: deidade de Cristo! De modo que, o que temos ao nosso alcance, é o resultado de uma doutrina paradoxal, de difícil compreensão.
Sendo assim, a divindade de Jesus Cristo, às vezes, é motivo de debates no campo da filosofia lógica. Na qual, muitos cristãos intelectuais têm se desdobrado para explicar seu silogismo. Visto que a própria lei não contradição ensina-nos, que não se pode ser antinômica, no processo do conhecimento; levando-nos a seguinte questão; algumas verdades cristãs, p. ex., as duas naturezas de Cristo, tende-se a ser um paradoxo.
Neste caso o ideal é recorrermos aos termos, que se referem aos dois aspectos da fé cristã: fides qua creditur e fides quae creditur, diferenciar esses duas pressuposições faz-nos retornar a uma fé simples e fideísta de forma moderada. A fim de não basearmos nossa defesa da divindade de Cristo, de modo, antinômico.
Entretanto, hoje a apologética esmera-se em provar esse dogma da igreja através de: a) argumentos racionais, b) evidências empíricas e c) profecias cumpridas, etc. Para assim, defender algumas crenças do Cristianismo que precisam ser aceitas pela fé. Portanto, as palavras de Alexandro Rocha, resumem bem esta situação: “isso significa uma reação nuclear da teologia, que não mais se submete a experiência de fé e a mediação cultural a um discurso unívoco mantido por uma prática apologética”.
Aliás, tal pensamento tem produzido uma “teologia aguada” e deixado muitos teólogos aguados, por conta, de uma dualidade, que separa mundo ideal do mundo sensível. Assim sendo, a divindade de Cristo, ou seja, a homoousios to Patri não se resume somente a uma distinção extra-mundo desvinculada do mundo sensível, onde a trama da história se desenrola; como Melanchton disse: Hoc est Christum cognoscere, beneficia Christi cognoscere. E o próprio Karl Barth diria: O logos se identifica com ergon, verbum coincide com opus. Notemos, que a Cristologia não tem nada haver com platonismo, estoicismo e neoplatonismo. Até mesmo, porque Deus é o Deus revelado na aliança (história).
Portanto, tal procedimento referente à divindade de Jesus Cristo precisa ser (re)visto, porquanto tal dogma tem produzido uma “teologia aguada”.
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