Adão e Eva, o pecado e a morte
Esta semana tive uma discussão com meu amigo ‘Gustavo’ sobre a ideia que os cristãos dogmáticos têm sobre o 'pecado original' e sua consequências, em especial, o pressuposto, de que o pecado gera a morte. Quem sou eu pra discordar e concordar com tal mitologia. Mas acredito que o homem foi criado para morrer! Até porque isso faz parte da condição humana. Se se tenta maquiar a morte, com a eternidade corporal de Gn 3; diga-se de passagem, que o ser humano, deixa de ser humano.
Então, disse para ele que o texto de Gn 3 não tem nada a ver com a ideia de que, depois do pecado, fomos destinados para morrer. Porquanto, o exegeta alemão Claus Westermann afirma que:
Outra particularidade divergente no ensino tradicional da igreja e no texto bíblico. A doutrina sobre a transgressão e sobre o pecado não tem sua fonte em Gn 3, e sim na tradição judaica, conforme deduzimos do quarto livro de Esdras:
O Adão, que é que fizeste?
Quando pecaste, a queda não foi só tua,
Mas também a nossa, que somos a tua posteridade!
Ou seja, o texto de Gn 3 não afirma que a morte seja o castigo para o pecado humano. Isso foi uma construção posterior, incorporada na teologia paulina, que por sinal, segundo afirma Gunther Bornkamm, era confinada ao período do judaísmo tardio. E depois, venho Agostinho o pai da doutrina do pecado original. E, consequentemente, os Reformadores sustentando tal doutrina que, é totalmente desconectada do texto de Gn 3. Portanto, o pecado original tem sua base em outras tradições sobre o pecado, e não a própria tradição de Gn 3.
Bom, minha intenção não invalidar a doutrina do pecado original. Mas é de dizer que o texto de Gn 3 não é viável e passível de solidariedade com o mesmo. Logo, o texto de Gn 3 mostra segundo Westermann que o "homem é coarctado dentro do ciclo nascimento-morte. A força procriativa da benção supõe o fato da morte. Homens devem morrer para que outros homens possam viver".
Westermann, Claus. Teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Paulinas, 1987. pp. 81,82.
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