17 de março de 2011

BÍBLIA E CRIANÇAS

BÍBLIA E CRIANÇAS: uma reflexão sobre a leitura bíblica e a vontade de continuar sendo criança

Um professor de escola bíblica infantil ainda consegue contar as narrativas das escrituras?

Fazendo parte desse grupo (professor infantil), sinto-me lisonjeado em saber que, mesmo, com as sagas etnológicas, os anacronismos, as narrativas construídadas e o mito cosmogônico a Bíblia contém conteúdos rico em aplicações para existência. 

Assim, posso, pelo menos, tirar proveito estético, detes textos e, passar principios significativos para as crianças.

Até porque, tolero as minhas convicções espirituais, místicas, devocionais e etc. E, não, tenho, uma resposta racional para o assunto! Parafraseando Edgar Morin “procuro respostas racionais para explicar as coisas como elas aparecem, mas ao mesmo tempo sustento, um certo misticismo”.

Então, levo em consideração a leitura ‘histórico – social’ dos textos bíblicos que, por sinal, precisa ser feita, para evitar um conservadorismo e, também, a ância de continuar sendo criança em relação a leitura da Bíblia. Assim, seja na interpretação da Bíblia Hebraica, ou na da LXX e até mesmo em suas derivações, ambas constituem um desafio para o exegeta. Pois, durante algum tempo venho dedicando-se a leitura bíblica, de modo, mais rigoroso, em especial, exegético – histórico – crítico.

Porque? Como ensina um certo adágio popular: “Não quero tampar o sol com a peneira”. Ou  seja, passar pela Bíblia e continuar fazendo aquela leitura histórico – cristocêntrica – sistemática – gramatical. E finjir que estou lendo um conteúdo supostamente ordenado por Deus, sem contradições, que se monta como um quebra – cabeça. Mas, esse quebra – cabeça esta misturado com outro quebra – cabeça, que quer que eu acredite que, existe uma sincrônia histórica – literária – formal dos textos bíblicos, como retratos da história, a fim de se enquadrar na Teologia Dogmática da Igreja, em forma de controle espiritual e político. Jogo, esse, que não me interressa mais!

Isto é, a Teologia Sistemática como articulação das doutrinas do Cristianismo, tem sim o seu valor. Acredito até que de forma voluntária pode ser aceita, enquanto organização das tradições do Cristianismo ao longo da História, mas, quanto, a interpretação da Bíblia, corroboro com uma perspectiva hermenêutica e não dogmática – confessional.

Isso porque, logo, no íncio, nos primeiros dois capítulos do livro de Gênesis já nos salta uma indagação! O que fazer quanto as duas narrativas da criação? (cap. 1 e 2). Segundo o Martin Rösel uma enfatija a palavra criadora, um aspecto mais sacerdotal e o outra a ideia de adamah (terra), ou seja, um ambiente agrícola com estritas relação com a terra.[1]

O que dizer do Êxodo! A palavra “mil” (12.37). O significado da expressão depende da palavra elef = ‘mil’ (unidade militar, subdivisão de tribo, clã, distrito; tribo). Pode ter vários significados.

Uma outra questão interessante e a questão do Deus dos Pais, Yahweh e Elohim que ambos podem ser corroborado por Deuteronômio 32.8,9 em Hebraico. Confira uma exegese inacabada do Doutor Osvaldo Luiz Ribeiro:

"quando Elyon deu as nações por possessão, quando ele repartiu os filhos de Adão, ele estabeleceu as fronteiras dos povos de acordo com o número dos filhos dos deuses - assim a porção de Yahweh foi seu povo, e Jacó o território de sua propriedade" [2]

Poderia falar sobre a novela de Rute, cujo os nomes dos personagens corroboram todos para uma trama literária com a finalidade de expressar a condição dos pobres da terra.Ou, também, do contexto fictício do capítulo de Dn 1 e 2Rs 25.27segs.

Não quero abrir precedentes para o NT, mas já que estou aqui! Pergunto pelos dois finais no evangelho de João? Cf.: 20.31 e 21.25. E, que, segundo C. H. Dodd existe em João um mistério relacionado ao gnosticismo que tem sido ocultado, por conta, de Qumran.

Bem, só, pra, salientar as várias comunidades cristãs e a briga do Cristianismo Primitivo na interpretação do Cristo. Igreja de Jeruzalem e de Antioquia (Atos).

Tudo isso, e muito mais, me faz refletir sobre minha postura diante dos textos bíblicos. Ou fasso uma leitura ‘histórico – social’ da Bíblia ou continuo somente racionalizando aquilo que me passam. Isto é, ao ler as Bíblia, eu tiro meu olho, meu ouvido e puraí vai! E finjo que tá tudo bem! Por isso sou adepto da livre Interpretação da Escritura. Não quero continuar sendo criança na leitura da Bíblia como se nada tivesse acontecendo.    





[1] Rösel, M. Panorama do Antigo Testamento. p. 153 e 154.
[2] Peroratio.blogspot.



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