KANT E EMANCIPAÇÃO DA METAFÍSICA
Immanuel Kant (1724-1804). Esse filósofo prussiano corresponde com a maior ruptura que a Teologia cristã já conheceu, isto é, deu-se em Kant a emancipação da Metafísica Clássica. Então, pode-se dizer que a Teologia cristã ‘despertou do sono dogmático’, e quando a Teologia descobriu isso, foi à mesma coisa que dizer que o discurso teológico não precisava mais ser orientado pela Metafísica platônica.
Desse modo, havia de ser determinado o que a ‘razão’ pode, ou não pode, conhecer (em sentido epistemológico). Kant utilizou dois conceitos para definir tal sistema de conhecimento, cujos conceitos são: o fenômeno e o númeno kantiano. O teólogo batista Rocha (2010, p. 118) diz que:
O fenômeno é a coisa para nós ou o objeto do conhecimento propriamente dito, é o objeto enquanto sujeito do juízo. O númeno é a coisa em si ou o objeto da metafísica, isto é, o que é dado ao pensamento puro, sem relação com a experiência. [1]
Nestas condições, esta afirmação mostrou que o sujeito do conhecimento só poderia conhecer aquilo que se configura no ‘tempo e no espaço’ - fenômeno. Em detrimento, do conhecimento que não é apresentado à sensibilidade, de modo que o pensamento puro não produz conhecimento (Episteme), isto é, verdadeiro conhecimento - númeno.
Assim, nas palavras do filósofo e economista Giannetti “não há estado mental sem um correlato neurofisiológico que o corresponda.” [2] Portanto, com o avanço na neurociência, sabemos, bem mais que Kant. Dado que, todo conhecimento é, sempre conhecimento de alguma coisa.
Na concepção teológica abre a possibilidade de construir a Teologia cristã de outra forma, que não seja, necessariamente, aquela do mundo da ideias platônica. Na qual o mundo verdadeiro é o mundo das reminiscências, da alma preexistente que contemplou todo conhecimento ideal, mas que infelizmente está presa no mundo sensível.
Desse modo, a mesma teve que procurar outra plataforma epistemológica para construir o Cristianismo. Em resumo, a Teologia cristã não se restringiu a um ‘dualismo’ entre o mundo ideal e o mundo sensível. Em uma disjunção ultra – mundo desvinculado do mundo do fenômeno, na qual a trama da história se desenrola.
[1] Alessandro Rodrigues Rocha. Uma Introdução a Filosofia da Religião: um olhar da fé cristã sobre a relação entre filosofia e religião na história do pensamento ocidental.1. Ed. São Paulo: Editora vida, 2010. P. 118.
[2] Eduardo Giannetti. Sempre um papo. Falando sobre o livro “Ilusão da Alma”. Disponível em <http://www.sempreumpapo.com.br/audiovideo/player.php?id=214> acessado em: 29/01/2011.
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