16 de setembro de 2011

Ele Andou Entre Nós (Josh McDowell)

McDOWELL, Josh; WILSON, Bill. Ele Andou Entre Nós. 1. ed. São Paulo: Editora Candeia, 1995. Comentário do capítulo VII: Alta Crítica: quão “Seguros” são os resultados? (pp. 141-168).
 
O livro trabalha o tema ‘Jesus Histórico’. Josh McDowell esforça-se para mostrar a veracidade dos Evangelhos, diante do mundo moderno. Portanto, só lhe falta um caráter mais rigoroso para apresentar suas argumentações; basicamente sem posicionamento científico relevante.
            Diversas informações, apresentadas nesse capítulo, são errôneas. Sendo que alguns autores atestados e utilizados foram simplesmente retirados de seu contexto. Assim, o autor carece de um estudo sério, com um senso crítico adequado.
            Por exemplo, ao citar o historiador Geza Vermes para se opor a Rudolf Bultmann, ele distorce totalmente o pensamento de Vermes. Pois, se utiliza de uma citação para dizer que Bultmann helenizou Jesus, enquanto Vermes defende que Jesus devia ser compreendido dentro do Judaísmo.
            Só que Bultmann não trabalha o Jesus Histórico, ele trata acerca dos Evangelhos produzidos dentro de um ambiente culturalmente condicionado (mundo helenístico). Ou seja, textos partejados nesta situação produzem um Jesus que é objeto de fé da comunidade cristã primitiva.
            Em contrapartida, Vermes é um historiador no sentido estrito do termo. E o mesmo reconstrói Jesus dentro do Judaísmo, até porque ele era um judeu. E tem mais, para Vermes Jesus é “um Hasid, um homem santo da Galiléia, semelhante à Hanina ben Dosa; isto é, um carismático, curandeiro e exorcista, que pregava o Reinado de Deus” (Jesus e o Mundo do Judaísmo).
            Vê-se que McDowell simplesmente arrola uma citação de um estudioso, sem parar para analisar as informações apresentadas, não se preocupando em expor a afirmação de forma sincera. Tudo para defender seu fundamentalismo romântico.
            Em relação à Crítica da Forma, é quase uma desonestidade intelectual, ver McDowell dizer que a Análise das Formas é uma tremenda invenção da Escola de Martin Dibelius e Rudolf Bultmann. Sendo que quando se fala em Crítica da Forma, se fala em Gêneros Literários. E os Evangelhos, no caso, se enquadram no gênero maior, que seria o próprio Evangelho, como Literatura da Antiguidade.
            E dentro deste gênero literário se encontra as chamadas “histórias sobre Jesus” (RAUSCH, 2006, p. 60), que por sinal, demonstram um caráter dinâmico, de acordo com a comunidade responsável pela produção do texto. Isso dentro de uma perspectiva de que o texto de Marcos é o primeiro Evangelho produzido, por volta do ano 70 d.C, e os demais vieram depois –, Mateus, Lucas e João.
            Dibelius (1919 apud WEGNER, 1998, p. 169), afirma que “os gêneros estão estritamente ligados as necessidades e tarefas das comunidades primitivas” (A história das formas do Evangelho). Os gêneros estão ligados ao momento em que as comunidades procuravam justificar sua fé. Mas, o problema é que para McDowell isso é pura invenção criticista, pois para ele os Evangelhos são retratos da história.
            Então, dentro das “histórias sobre Jesus”, como McDowell explica as diferenças que se encontram, p. ex., “na árvore genealógica de Jesus (Mt 1.2ss; Lc 3.23ss), na história do nascimento (Mt 2.1ss; Lc 2.1ss) e nas aparições do ressurreto (Mt 28; Lc 24)” (BULL, 2009, p. 13).
            Bom, a teoria da formas, procura resolver o chamado “Problema dos Sinóticos”. Se McDowell entende que os Sinóticos compartilham de perspectivas iguais; e isso é inegável. Ele tem que entender que também existem diferenças significativas, que carecem de uma coisa, titulada como, ‘interpretação’ e não, somente, reprodução de conteúdo.
            Uma outra, Escola, denominada, Crítica Histórica ou análise histórico-transmissiva, historicidade dos textos e história das tradições. Pode ajudar a contextualizar os textos.
Este ponto demanda um estudo criterioso. Mas, em resumo, segundo afirma Alday (1998), significa dizer que é preciso situar os textos historicamente e procurar as circunstâncias concretas em que surgiram os textos. Ou seja, autor, lugar, data; ambiente social, cultural e político; ocasião e finalidade da obra e sua autenticidade literária.
            Para McDowell é quase um susto saber que muita coisa construída pela “Crítica Histórica”, não mantém um posicionamento fundamentalista de pé, portanto, o que percebi neste texto foi um romantismo.    

BIBLIOGRAFIA

ALDAY, Salvador Carrillo. Bíblia: Como se lê. 2. ed. São Paulo: Editora Ave-Maria, 1998.
BULL, Klaus-Michael. Panorama do Novo Testamento: história, contexto e teologia. São Leopoldo: Editora Sinodal, 2009.
McDOWEL, Josh; WILSON, Bill. Ele Andou entre Nós. 1. ed. São Paulo: Editora Candeia, 1995.
RAUSCH, Thomas P. Quem é Jesus: uma introdução a cristologia. Aparecida, SP: Editora Santuário, 2006.
WEGNER, Uwe. Exegese do Novo Testamento: manual de metodologia. 6. ed. São Leopoldo: Editora Sinodal, 1998.

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