BLOOM, Harold. Jesus e Javé: os nomes divinos. Rio de Janeiro: Objetiva, 2006. 274 p.
A personagem literária “mais ou menos histórica”, Yeshuá de Nazaré, é o “enigma dos enigmas” (p. 13), é personalidade perdida dentro da história teológica de Jesus Cristo, que, quando sofre uma tentativa de resgate histórico – a busca pelo Jesus histórico, sucumbe em uma historicidade não muito confiável, já que, segundo o autor, quem pesquisa o Jesus histórico só consegue encontrar uma pálida imagem, distorcida, de si mesmo (p. 21, 37, 137), “reflexão da própria fé ou do próprio ceticismo” (p. 25). Já Jesus Cristo, filho do Deus Pai (personagem menor), é apenas Deus teológico, fruto dos escritos de Paulo e de João (p. 18). De Yeshuá de Nazaré, dentro desse contexto, pouco ou nada se pode falar. De Jesus e Javé, por outro lado, muito se pode falar principalmente que ambos não são de uma mesma essência (ou substância) (p. 14) e nem que são pai e filho, ou, no máximo, que o filho tornou-se muito diferente do pai “pais e filhos podem às vezes ter confrontos inflamados, na literatura e na vida” (p. 203, 199-207).
Indubitavelmente, o Jesus histórico existiu, mas jamais será encontrado, nem precisa sê-lo. Jesus e Javé: os Nomes Divinos não visa à busca. Meu único objetivo é sugerir que Jesus, Jesus Cristo e Javé são três personagens totalmente incompatíveis, e explicar como e por que isso se dá (p. 21).
Essas incompatibilidades entre as personagens apontadas pelo autor estão, em primeiro lugar, em suas próprias origens – nos textos (ou texto) e nas leituras e desleituras, e, em segundo lugar, em seu desenvolvimento nos espaços de fé e no desenvolvimento cultural civilizador (ou não) ocorrido na aproximação-diálogo com elas.
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