(...) A teologia narrativa procura se aproximar da fala dos sujeitos e da narratividade da fé que se dá nos grupos e nos diferentes estratos da cultura e da sociedade (...). p. 97.
(...) Fazer teologia narrativa é incluir as narrativas das comunidades é estar disposto a fazer uma teologia no campo religioso, muito mais do que desenvolver mais uma teologia doutrinária da tradição da igreja (...). p. 98.
(...) Esta proposta é, também, uma resposta à narrativa bíblica como elemento fontal de nossa relação com Deus, no sentido de que nos bíblicos, encontramos, fundamentalmente, narrativas da experiência religiosa e de fé (...). p. 99.
(...) a fé não é patrimônio somente da igreja, ela esta inserida nos interstícios da cultura e a igreja que não dialoga com estas formas interpretavas da fé esta fadada ao gueto (...). p. 100.
(...) significado de narrativa pressupõem uma variedade de aspectos hermenêuticos, incluindo referenciais antropológicos, sociológicos, estritamente teológicos, literários (...). p. 101.
Magalhães, Antonio Carlos de Melo. Uma igreja com teologia. São Paulo: Fonte Editorial, 2006. 128 p.
A teologia narrativa torna-se uma proposta, na melhor das hipóteses, interessante, porque fica a pergunta: Como articular teologia bíblica, teologia sistemática (eclesiologia) e a própria teologia narrativa?
A teologia narrativa pode deixar à velha ‘teologia sistemática’ de fora da academia? O interessante é resgatar uma leitura genuína da Bíblia, coisa essa que a teologia sistemática não faz. Ademais, todo teólogo sistemático lê a Bíblia como retrato da história. E se sabe que não é desse jeito!
Há muitos problemas em ler a Bíblia desta forma. Cito apenas um! Todo texto bíblico está envolto em um outro contexto histórico, portanto, devemos ler a Bíblia enquanto texto, documento, papel escrito... História sim do agente escritor do texto, mas não da narrativa em si. E se tal história contada pelo escritor é realmente um fato ou não é um fato, não é problema do interprete do texto e sim do cientista da história, da arqueologia, etc. O interprete só quer saber o propósito daquela produção textual, que por sinal tem o objetivo de atender uma necessidade específica da época.
Por isso a velha teologia sistemática se humilde pode até encontrar, um lugarzinho na teologia narrativa. Porque tem toda aquela história. Que da experiência de fé nasce o mito e do mito o rito e do rito a doutrina. Então, teologia doutrinária, dogmática, conservadora e fundamentalista, alto lá! Esta e a ora de ouvir o que à exegese histórico-crítica tem a dizer, pois o texto bíblico esconde jóias sócio-históricas que até o próprio Deus dúvida.
Portanto, teologia narrativa obrigado pela coragem de dizer que a comunidade de fé tem ai seu percentual na construção do sagrado, até porque Bíblia é produção cultural, de um povo e de outros que vieram depois...
Nenhum comentário:
Postar um comentário