As aulas voltaram! É, mais um ano de aprendizado teológico pela frente.
Se puxar na memória quando cheguei ao IBAD. É, justamente, como diziam os "terceiro-anistas" PIRRU... Com todas as letras maiúsculas! Além do mais, aprendi a ser amigo das dúvidas. O próximo ano foi bem diferente, um pouco mais de confiança, entre idas e vindas, o processo de desconstrução e construção, já estava começando a se desenvolver. Rocha apud Tillich fazia das minhas dúvidas, vitaminas para fé. E no terceiro ano, tudo desmoronou, mas não tem problema! Eu estou disposto a construir meu Cristianismo tudo de novo.
Primeiro ano
No primeiro ano parecia que, ‘não’ estava nem indo para um seminário. Mas, sim, para um céu-minario, no entanto, no decorrer do ano, descobri que não era bem isso que imaginava.
Logo, o ano se passou e lá se foram algumas convicções superficiais da fé cristã. Ainda bem, que eram superficiais. Por exemplo, a ânsia pela itinerância. Até que, não doeu tanto!
Olha, eu até, já, havia pregado em alguns estados do Brasil, - Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Grande São Paulo. As mensagens da capela me fizeram mudar, visto isso o "dik's" de pregador pentecostal foram todos pelo ralo.
Alguns amigos (as), missionários (as), pastor (as) e entre outros, notaram a diferença. E, me perguntavam “pode dar gloria Deus, pelo menos?!” Muitas piadas, se desenrolaram, em relação ao meu comportamento, que parecia um pouco anti-pentecostal. E olha que eu não falava nada. Imagina se falasse!
Portanto, o ano foi lindo! Conheci Karl Barth, Paul Johannes Tillich, Ruldof Karl Bultmann, Wolfart Pannenberg, Jürgen Moltmann e os agregados.
Não posso esquecer-me que no primeiro ano, li um livro, excelente. Inclusive, faz parte da minha leitura, até hoje. Confira: Rocha, Alessandro. Teologia Sistemática: no horizonte pós-moderno. 1. Ed. São Paulo: Editora Vida. 2007. É, justamente, essa literatura, esse teólogo e outros autores do gênero (Osvaldo L. Ribeiro, Hans Küng, Edgar Morin entre outros), que tem sustentado minhas idéias. Quando for comentar o terceiro ano, vamos voltar neste livro e nestes autores.
Karl Barth e o totalmente Outro
Karl Barth com uma teologia cristocêntrica fazia-me dar voltas, e voltas... E chegar a êxtase... Em algumas de minhas crenças mais profundas. Teólogo excelente!
Barth resgatou os grandes temas da reforma protestante. Sua teologia residia no conceito de revelação centrado na Palavra de Deus, que não é o mesmo que escrituras. Buscou fazer uma abordagem livre, sem qualquer influência filosófica. A não ser o existencialismo 'um estranho mundo novo dentro da Bíblia'.
Barth produziu teologia dogmática, eclesiástica e ao mesmo tempo teologia política (com sentido pastoral), para igreja e para o mundo. Não poderia deixar de falar, daquilo que, mais me impressionou na teologia de Barth, a ideia de "Deus ir ao encontro do homem, pois o homem é incapaz de ir a Deus", enfim, uma teologia de cima para baixa. E, isso muda tudo! Inclusive a antropologia. Maravilhoso!
E pra variar, Barth só era amigo de Hans Küng e de Hans Urs Von Balthasar teólogos católicos que, beberam da fonte barthiana. O concílio do Vaticano II que o diga! Sem mais delongas.
Mas, decidi mudar um pouco o cardápio.
Ruldolf Karl Bultmann e a 'demitologização'.
Com influências do pastor da igreja que congrego, o existencialismo bultiniano foi o que mais chamou minha atenção. Essa ideia de querer saber a essência das coisas começou a dar lugar para ideia de querer viver a vida, enquanto existência (consciência do corpo).
Nas palavras de Martin Heidegger “vida autêntica”. Bultmann era amigão de Heidegger, e tudo o que foi incorporado na teologia do novo testamento bultiniana, deve muito a Heidegger.
Bultmann olhou para a história num sentido de ‘causa e efeito’ e isso fez, ele deixar o fato histórico no passado, e assim, interpretar o kerigma como um acontecimento existencialmente histórico.
Ou seja, Jesus pergunta para os discípulos: “Quem dizem que eu sou”. E, Pedro responde: "Tu es o Cristo”. Está aí, para Bultmann você precisava ser confrontado por essa afirmativa e tomar uma decisão que, te orienta a um encontro com Deus. Isso mexia comigo, fez-me olhar a vida, numa perspectiva de querer tornar cada momento, um momento significativo, diante de Deus e dos outros.
A demitologização significa que a visão de mundo (cosmovisão) apresentada no NT, já estava ultrapassada. Então, o evangelho devia ser interpretado a luz da visão moderna. É a necessidade da teologia dialogar com o seu tempo. Bultmann diria "A visão bíblica do mundo é mitológica e, portanto, é inaceitável para o homem moderno, cujo o pensamento tem sido modelado pela ciência e já não tem mais nada de mitológico." (Jesus Cristo e a Mitologia, p. 29).
Em poucas palavras, Bultmann colaborou com esse pensamento para teologia.
Outros como:
Tillich e o Ateísmo cristão.
Pannenberg e a História da Salvação na História Universal.
Moltmann o pregador da esperança.
São teólogos de influência na teologia contemporânea.
Portanto, o ano terminou, vieram às férias de 2009 e, consequentemente, outros pensamentos passaram a me moldar.