A leitura de ambos os textos[1]
mostram que o povo de Deus precisa agir na realidade cotidiana das pessoas.
Mas, há desafios a serem vencidos. E um deles é o da secularização, que segundo
Berger (1985, p. 119) é “o processo pelo qual setores da sociedade e da cultura
são subtraídos a dominação das instituições e símbolos religiosos”. Ou seja, a
separação do Estado e da Igreja. Ambos se divorciaram, fazendo com que os
setores outrora dominados pela tutela religiosa, avinhassem a o laicato
contemporâneo.
Outro problema sério é o individualismo.
Segundo Schutz a experiência urbana reforça a lógica do individuo. Neste
contexto, a promoção da individualização ou a segregação de determinados grupos
com caracteres sociais distintos, típicos do mundo urbano, é considerável.
Coisa que seria muito complexa em uma comunidade rural. Num mundo aonde as
pessoas compartilham as mesmas experiências diárias. Até porque, a agricultura
e a pecuária são comuns nestes lugares. E o forte apego ao sagrado e a família,
conduzem a vida comunitária.
A transição da situação rural para o
urbano mudou totalmente a forma do ser humano viver. A ascensão da indústria e
do setor dos serviços (comercio) gerou uma independência financeira para o
trabalhador. Que antigamente dependia dos produtos do campo (vendendo aquilo
que a terra produzia e muita das vezes guardando dinheiro para o ano inteiro).
Agora, esse humano, se vê como um assalariado, podendo usufruir dos benefícios
que só uma economia liberal[2]
pode proporcionar. O individualismo segundo Sayão (2001) acaba provocando uma
desagregação da sociedade, cria uma ilusão de independência gerando o egoísmo.
Logo,
o papel da Igreja seria a integração das pessoas, isto é, o acolhimento
daqueles que fazem parte desse mundo de desagregação. O resgate de indivíduos
que só pensam em si mesmo. Viver em comunidade. Conforme afirma Bauman (2003,
p. 9), “Comunidade é nos dias de hoje outro nome do paraíso perdido — mas a que
esperamos ansiosamente retornar, e assim buscamos febrilmente os caminhos que
podem levar-nos até lá”. Comunidade denota coisa boa e um lugar de segurança.
E
isso somente acontecerá quando for compreendida a tríade do Evangelho (Schutz,
p. 118). Koinonia = comunhão. Diaconia = serviço. Kerigma = proclamação. A
primeira fala sobre a vida em sociedade e o auxilio ao próximo. A segunda
mostra o serviço (trabalho) a ser realização a favor do outro. A terceira diz
respeito à mensagem cristã que nos ensina que Jesus: nasceu, viveu, morreu e
ressuscitou para redenção de toda a humanidade. Para perdoar os pecados.
Portanto, viver em comunidade passa pela lógica do Evangelho, e perpassa os
setores degenerados da vida humana.
Bibliografia.
Bauman, Zygmunt.
Comunidade: a busca por segurança no
mundo atual. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.
Berger, Peter
Ludwing. O dossel sagrado: elementos
para uma teoria sociológica da religião. São Paulo: Paulus, 1985.
Sayão, Luiz
Alberto Teixeira. Cabeças feitas:
filosofia prática para cristãos. São Paulo: Hagnos, 2001.
[1] As fronteiras da missão urbana, Jorge
Schutz Dias, e Pastoral urbana: a
construção de sinais de esperança em situações de desesperança, de
Geoval Jacinto da Silva.
[2] Não que a culpa seja do sistema
econômica. A condição é mais antropológica, do que, propriamente de ordem
politica. O problema está na falta de regeneração dos indivíduos.