O
texto O dízimo na Bíblia, do prof.
Tércio Machado Siqueira apresenta ao leitor as características principais do
dízimo no Antigo Testamento (AT). Ele faz a leitura de quatro códigos jurídicos,
relacionados à instituição da oferta do dízimo entre os hebreus (todos
encontrados no Pentateuco).
Em
primeiro lugar, o Código da Aliança tem a finalidade de buscar uma ordem
comunitária para os israelitas do período tribal. Os anciões e legisladores
enfatizavam a responsabilidade social e revolviam os problemas de ordem
jurídica da comunidade (Ex 20,22-23-33).
Em
segundo lugar, o Código Deuteronômico reformulou as leis de ações comunitárias
e sociais, no período do reinado de Josias. Em terceiro e quarto lugar temos os
Códigos da Santidade e Sacerdotal que ampliam o material legislativo de Israel e
Judá referente ao dízimo e procuram introduzir uma preocupação estritamente
religiosa (Dt 12-26).
Desse
modo, o prof. Siqueira salienta que de princípio o dízimo possuía um caráter comunitário,
era produtos de ofertas a serem consumidos nas festas do povo israelita. Com o
passar do tempo foi orientado como tributo ao templo, ao rei e ao sacerdote. Mas,
o grande problema foi o dízimo ser transformado em tributo ao rei e aos
santuários, ao invés de ser visto como ações de graças para a comunidade.
As
ofertas do dízimo na história de Israel e Judá têm seu declínio na Monarquia.
Após a centralização do culto em Jerusalém o dízimo começa a ser tratado como
“dinheiro”, e deixa de serem produtos do campo e animais (para os que moravam longe). Assim, as leis do dízimo passaram por reformulações para se adaptar ao
momento histórico vivido pelos hebreus.
O
Código Deuteronômico tinha um caráter familiar. Uma celebração praticada nas
três festas anuais. Mas o Documento Sacerdotal mudou tudo isso para uma
contribuição obrigatória ao Templo e sua manutenção. Logo, o dízimo deixou de
ser uma preocupação social, para ser tornar apenas religiosa.