A teologia de John Wesley foi influenciada
pelos reformadores, Martin Lutero e João Calvino. Ele entendia a salvação como: “única e
exclusivamente pela graça” e “mediante a fé em Cristo Jesus”. Neste ponto
estava de acordo com a teologia reformada. Só não levava adiante a idéia de
“ordo salutis”, um estado de salvação. Tal teologia ensina que o cristão quando
unido a Cristo, recebe, instantaneamente, todos os benefícios da salvação. Como
depósito salvífico.
Wesley
compreendia a salvação cristã como um “caminho”, isto é, “via salutis”. Um processo pelo qual o crente passa até
chegar à perfeição. Isso indica que estamos sendo salvos. Não é uma condição
estanque – estou salvo. Em hipótese alguma é excluída a ação de Deus em busca
do ser humano pecador. Certo que Jesus vem até nós, para resgatar-nos. Mas há
uma dimensão subjetiva da salvação, explorada na teologia wesleyana. A resposta
humana a obra salvífica de Cristo.
A ação da graça Deus é mediada pelo Espírito
Santo, levando o fiel à jornada da salvação. O sinergismo de Wesley leva em
consideração a experiência religiosa com a divindade. A obra do Espírito Santo
no processo de salvação é imprescindível. Pois a graça é livre e gratuita para
todas as pessoas [free in all, free for
all]. Sendo que no trilhar do caminho, o cristão é ajudado pelo poder de
Deus. Lembrando que para ele a
participação humana é fundamental no processo de salvação.
O Espírito de Deus age em nosso interior. Sua
pneumatologia e totalmente soteriológica. Com ênfase na ação espiritual e
subjetiva que determina a vida cristã, ao longo, de sua peregrinação. O caminho
da salvação só faz sentido se Espírito Santo agir – contínua e constantemente
no coração do crente. “Porque não me envergonho
do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que
crê; [Espírito Santo]”.[1]
Existe a dimensão objetiva da salvação. Como,
também, existe a dimensão subjetiva da salvação. A obra que Deus faz em nos é
fundamental para entender a ação do Espírito Santo e a importância da
experiência com Deus na caminhada cristã. Não somos cristãos somente por conta
das doutrinas bíblicas. Mas, também, por conta dos profundos tirocínios que a
chamada e vocação cristã oferecem ao fiel.
Na teologia wesleyana é possível compreender
a salvação como um processo terapêutico, no qual o cristão se encontra a mercê
da ação curadora e salvadora de Jesus Cristo. A salvação não é entendida
somente como satisfação penal [transgressão da lei e reparação legal]. O pecado
é uma enfermidade e precisa ser tratado com boas doses de apoderamento de Deus,
ou seja, do Espírito de Cristo em nós.
Portanto, a teologia de Wesley tem seus
fundamentos na reforma protestante, mas sem desconsiderar a ação humana no
processo de salvação [sinergismo]. O pecado, enquanto, enfermidade é uma doença
que precisa ser curada. Por isso o Espírito Santo nos ajuda na jornada. Para de
forma gradual ir curando o homem do pecado. “Tendo
por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará
até ao dia de Jesus Cristo; [Via Salutis]”.[2]